quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SER E TEMPO EM HEIDEGGER

PERSPECTIVAS SOBRE A MORTALIDADE E REFLEXÕES SOBRE A CONDIÇÃO
HUMANA

     


     Pode-se dizer que os processos de aprendizagem se dão por meio da assimilação de conteúdos, ideias e vivências com o cotidiano, interpretando-os por meio dos diversos contextos de vida. Sendo assim, e pensando nessa perspectiva, elaboramos uma oficina filosófica voltada para uma questão presente nas diversas comunidades humanas: a morte e a finitude do homem. Buscando apoio em Heidegger e em seus conceitos de ser-no-mundo ser-para-a-morte, foi possível oferecer aos alunos a possibilidade de refletir sobre a vida, a morte e a própria existência.
 
     Com base na ideia de que a Filosofia pode expressar-se por meio da literatura, abordamos a obra Intermitências da Morte, de José Saramago, visando subsídios para uma abordagem também voltada a reflexões acerca do papel da mortalidade na sociedade constituída por humanos, a qual, até onde se sabe, é única a conviver com a noção da finitude. Dentre as dinâmicas utilizadas na oficina, foram entregues perguntas com o objetivo de despertar curiosidade e reflexão. Entre elas: Qual é o seu ser?; O ser é existência?; Como seria eu se eu não existisse?; Se o corpo acaba, o espírito vaga por ali no universo cósmico?; O problema é a vida acabar com a morte? Se não houvesse a morte, a vida passaria a ter sentido?

     Ainda convém ressaltar outras temáticas abordadas que auxiliaram na composição do diálogo, relacionadas com a questão da finitude humana e
 existência, como por exemplo a angústia e cuidado na filosofia Heideggeriana, a Carta sobre a felicidade (a Meneceu) de Epicuro, o mito de Sísifo, questionamentos sobre suicídio e pós-vida na cultura egípcia. Sempre com o intuito de trazer uma maior reflexão e problemática das temáticas apresentadas. Em meio a tais perspectivas, os estudantes sempre foram convidados a participarem e a se expressarem de modo a construir uma aprendizagem significativa.
 
     E por fim, como atividade final, os estudantes foram convidados a elaborar um cartaz composto pelos elementos que mais lhes interessaram ao longo da oficina. Além disso, foram disponibilizados os materiais e imagens sobre os conteúdos para que os estudantes pudessem personalizá-lo. Dessa maneira, buscou-se estimular a reflexão sobre a condição humana relacionada às questões da vida e da morte.Cronograma da oficina:1º Momento: Breve apresentação das bolsistas e dos alunos
2º Momento: introdução do tema e Importância de Heidegger
3º Momento: Aspectos do Dasein - Homem
4º Momento: Ser-no-mundo a partir do Compreender e do Sentimento de Situação.
5º Momento: Analítica Existencial do dasein a partir do Cuidado, Ser-para-a-morte e Temporalidade.
6º Momento: Angústia e Carta sobre a felicidade (a Meneceu)
7º Momento: Mito de Sísifo

8º Momento: Discussão sobre finitude humana com base na obra Intermitências da Morte, José Saramago
9º Momento: Perspectivas sobre Suicídio
10º Momento: Elaboração do Cartaz
Conteúdo trabalhado na oficina:Heidegger e a finitude humana - Em quais perspectivas o corpo possibilita pensar a vida e a morte?

Introdução e importância de Heidegger

     A temática da aula irá ser trabalhada a partir da abordagem feita por Martin Heidegger, em sua obra Ser e Tempo (1927). Heidegger é um Filósofo Alemão que nasceu em (1889 – 1976). Ele que está entre os maiores pensadores do XX. O propósito da sua obra Ser e tempo é a elaboração concreta da questão do ser, esta foi esquecida. Para ele a filosofia não tematizou a diferença entre ser e ente. Não pensar a diferença entre ser e ente é o que Heidegger chama esquecimento do ser. Tempo, compreensão e existência são temas importantes em sua obra assim como ser no mundo e ser para a morte. Heidegger não propõe apenas um desenvolvimento de uma Filosofia, mas o de uma ontologia, ou seja, um estudo do sentido do ser.Classificação dos entes (enquanto corpos)     Ente é tudo aquilo que existe, tudo aquilo que possui um é. Dessa forma, os entes podem ser percebidos como entidades corpóreas e materiais, enquanto seu ser é puramente abstrato, desvelando-se naquilo que é empírico e, portanto, corpóreo. A classificação dos entes elaborada por Heidegger demonstra três tipos diferentes, os quais são Dasein, ser-para e ser-simplesmente-dado. Dasein é o único ente que pensa sobre a própria existência e a existência dos demais entes.

Analítica existencial do Dasein a partir do cuidado, ser-para-a-morte e
temporalidade

     A analítica existencial se direciona ao estudo das estruturas existenciais do ser-aí. Dasein é utilizado por Heidegger para designar fundamentalmente o modo de ser próprio ao homem. Dasein é sempre um poder-ser. Visto que, no compreender se dá existencialmente esse modo de ser do Dasein que é o poder-ser, ou seja, é um ser-possível. A existência é histórica, dá-se por temporalidade, ou seja, finitude. Sendo assim, a analítica existencial a partir do cuidado tem total relação com uma condição específica do Dasein: ser-para-a-morte. De acordo com o conceito de cuidado que apresento aqui, podemos dizer que o cuidado é antecipação. O cuidado é antecipação porque está totalmente ligado com o ser-para-a-morte e com a ideia de finitude.


     O Dasein se reconhece como ser-para-a-morte, dado que, como foi dito, a morte é uma das condições inerentes ao ser do Dasein. A ideia de finitude é essencial na existência desse ente, porque a consciência da mortalidade (a morte é previsível e totalmente certa) influencia diretamente na conduta desse ente que se pergunta pelo ser, dado que a conduta humana geralmente tem como parâmetro a noção de finitude e temporalidade limitada. Com isso, podemos perceber que a condição existencial do Dasein permite que ele morra, dado que é um ente dotado de compreensão. Um ente-simplesmente dado não sabe que morre e, por consequência, ele não morre, apenas termina, some. Para morrer é necessário ter consciência da morte, ser um ser-para-a-morte, conviver com a noção de finitude. Ser homem significa ser-para-a-morte. 

     Heidegger é um filósofo que usa a temporalidade, pensa na perspectiva temporal, portanto, existir é estar no âmbito da temporalidade e do espaço. Existência aqui entendida como característica essencial do Dasein. O estar-aí não é senão enquanto ser-no-mundo. Angústia como fenômeno existencial da finitude humana.


Bolsistas de iniciação envolvidos: Deborah e Maria Zilda
Escola atendida e Projeto: Instituto E. Cristovão de Mendonça.
Séries atendidas: 1º ano, 2º ano do Ensino Médio
Número de alunos atendidos:
Evento realizado em 23 e 30 de Novembro de 2018
Apoio - CAPES - Programa PIBID

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